Este texto contém spoliers leves de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”.
Uma carta de amor é uma maneira romântica de expressar os sentimentos. Só que no mundo, há bons escritores e aqueles que talvez não tenham refinado trato com a escrita. A Ascensão Skywalker, infelizmente, está mais próximo da segunda categoria do que da primeira.
Fica claro que a Lucasfilm e Disney buscaram criar um longa que fosse uma declaração de amor aos fiéis fãs da saga criada por George Lucas. Porém, na intenção de entregar toda essa paixão, o ritmo falha, azedando a relação.
Não quero fazer um discurso de fim de relacionamento. Por favor, não se trata disso. O longa tem uma entrega visual magistral. Esteticamente, a visão de J.J. Abrams é perfeita. As atuações dos protagonistas estão impecáveis. O filme é repleto de pontos altos. Mas há uma falha grave no projeto: a necessidade de responder todos os mistérios.
Ao que parece, roteiro foi concebido ao lado de um check list de coisas que precisavam ser respondidas. E a partir daí a trama foi montada, com a primária missão de ligar os pontos e não deixar nada para trás.
Essa percepção acaba acelerando toda exibição. Os 15 minutos iniciais, por exemplo, são repletos de informações e cortes rápidos. Fazendo o espectador não se comprometer emocionalmente com o enredo. Ao se acostumar com essa linguagem, a plateia se torna uma simples testemunha dos eventos. Isenta de envolvimento emocional.
Assim, quando as grandes revelações chegam – como o mistério sobre os pais de Rey – não há uma reação adequada da audiência. Tornando o Episódio IX um verdadeiro “Fim de um mistério? Vamos para o próximo”.
Em suma, o filme não é ruim, mas também não é magistral. J.J. Abrams optou pelo fan service, sem inovar na linguagem ou enredo. Os fãs de longa data, como eu, vão se emocionar ao rever velhos personagens, como o Imperador Palpatine ou Lando Calrissian. Mas a presença de ambos parece obrigatória e não relevante.
O que é preciso ficar claro é que a missão de finalizar a Saga Skywalker, com mais de 40 anos de percepção na cultura popular, não é uma tarefa fácil. E o descompasso entre os episódios VII e VIII não ajudaram na incumbência do diretor. Ainda assim, fica um sentimento de um filme que podia ter ido mais longe. Muito mais longe.
“Star Wars: A Ascensão Skywalker” é uma carta de amor aos fãs da saga
Reviewed by Daniel Rost Dreyer
on
dezembro 19, 2019
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