“Pessoas não deveriam temer o governo. Governos deveriam temer as pessoas.” Se essa frase te deu um arrepio na espinha ou te lembrou de protestos mascarados mundo afora, então você já sentiu o impacto de V de Vingança. Mas será que você conhece a fundo essa HQ que transcendeu o papel, virou símbolo global de resistência e ainda faz Alan Moore revirar os olhos sempre que vê uma máscara do Guy Fawkes vendida pela Amazon?
Então senta aí e vem entender por que V for Vendetta é leitura obrigatória antes de bater as botas — ou antes de colocar sua máscara e sair por aí gritando por liberdade.
Um futuro assustador
Publicado pela primeira vez em 1982 nas páginas da revista Warrior, V de Vingança nos joga direto num Reino Unido distópico, governado por um partido fascista chamado Norsefire. Depois de uma guerra nuclear, o país se fecha em uma ditadura onde minorias são exterminadas, a mídia é controlada e o povo é mantido sob vigilância total por câmeras e microfones.
É nesse cenário que surge V, um enigmático revolucionário mascarado inspirado na figura histórica de Guy Fawkes. Sobrevivente de experimentos num campo de concentração, V decide explodir — literalmente — os alicerces do sistema, enquanto treina Evey, uma jovem órfã que vai aprendendo, página por página, que viver de joelhos não é viver.
Muito além do bem e do mal
Se você está esperando um super-herói convencional, pode tirar o cavalinho da chuva. V de Vingança não tem vilões caricatos ou mocinhos impecáveis. V é um terrorista. Um anarquista. Um homem com um plano, uma bomba e uma biblioteca. E mesmo assim, ou talvez justamente por isso, ele é fascinante.
Alan Moore — que já tinha sacudido o mundo dos quadrinhos com Watchmen — cria aqui um protagonista que levanta questões mais do que respostas. Até onde vai o direito de se rebelar? Vale tudo contra um governo tirânico? V faz justiça ou se vinga?
Essas perguntas ecoam em cada canto da HQ, acompanhadas pela arte ousada de David Lloyd, que troca os balões de pensamento por silêncios cheios de tensão e nos guia por páginas carregadas de sombras, silhuetas e metáforas visuais.
A máscara que virou símbolo
Se o rosto de V nunca aparece, sua máscara se tornou um dos ícones mais reconhecíveis da cultura pop. Protestos ao redor do mundo — do Occupy Wall Street às manifestações no Brasil em 2013 — adotaram a máscara de Guy Fawkes como um grito visual contra a opressão.
Mas nem todo mundo ficou feliz com isso. O próprio Alan Moore já criticou a “disneyficação” do símbolo: “As pessoas compram máscaras da Warner Bros. pra protestar contra o capitalismo. É irônico, né?”, disse ele.
Entre o fogo da revolta e a chama da reflexão
V de Vingança não é só uma HQ. É uma experiência. É um soco no estômago que te faz levantar com mais vontade de lutar. É uma ode à liberdade, mas também um alerta: ideias são à prova de balas, mas não são à prova de deturpação.
A jornada de Evey — que começa com medo e termina com consciência — é a nossa também. Somos todos ela, tentando entender onde nos posicionamos entre o controle e a liberdade, entre o silêncio e o grito.
Ao terminar essa obra prima, o leitor nunca mais é o mesmo. E você colocaria a máscara? Você explodiria o Parlamento? Ou, quem sabe, começaria com algo mais simples — tipo ler (ou reler) V de Vingança com outros olhos?
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HQ's para ler antes de morrer: V de Vingança, a máscara que virou ideia
Reviewed by Daniel Rost Dreyer
on
abril 23, 2025
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